segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Materiais criativos

Neste processo de criação de um espetáculo unipessoal, escolhi uns materiais de trabalho que obviamente partem do meu próprio acervo. Na troca de ideias com as diferentes plateias e com colegas que perguntam sobre o processo mesmo, surge sempre a questão sobre de onde sai tudo isso. A resposta que deu sempre é: tudo isso sai do meu imaginário.
O conceito de imaginário apareceu no meu percurso nas aulas da professora Sonia Rangel. Ela, quem é uma grande influência neste meu percurso, me conectou com autores como Michel Mafessoli e Juremir Machado Silva, os quais me esclareceram esse conceito. Silva, por exemplo, diz que:  

O imaginário é um reservatório/motor. Reservatório, agrega imagens sentimentos, lembranças, experiências, visões do real que realizam o imaginado, leituras de vida e, através de um mecanismo individual/grupal, sedimenta um modo de ver, de ser, de agir, de sentir e de aspirar ao estar no mundo. O imaginário é uma distorção involuntária do vivido que se cristaliza como marca individual ou grupal. Diferente do imaginado – projeção irreal que poderá se tornar real –, o imaginário emana do real, estrutura-se como ideal e retorna ao real como elemento propulsor. 

Assim, todos esses que chamo de materiais de trabalho, saíram desse reservatório. As imagens de são Sebastião, os textos de André Gide (que os leitores deste blog já tiveram a oportunidade de descobrir em outras postagens) e as experiências autobiográficas que usei fazem parte do meu imaginário sobre a homossexualidade. Quem assistir Meus caros amigos se encontrará com um espetáculo que é produto desse meu imaginário. As inúmeras interconexões desses materiais fizeram com que fosse possível a construção da ficção cênica.
A seguinte imagem resume o que poderia determinar uma espécie de estrutura na criação... Rede, rizoma, processo criativo... O que sugere para vocês, meus leitores, esta figura? Fico atento a seus comentários.